06 julho 2014

Meu jugo é suave e o meu fardo é leve



O Papa Francisco, em sua mensagem para o dia mundial das missões, a ser celebrada no dia 19 de outubro de 2014, nos propõe uma reflexão e faz um convite a ação. Confira um trecho de sua mensagem:
"O Pai é a fonte da alegria. O Filho é a sua manifestação, e o Espírito Santo o animador. Imediatamente depois de ter louvado o Pai – como diz o evangelista Mateus – Jesus convida-nos: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve» (Mt 11, 28-30). «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 1). 
De tal encontro com Jesus, a Virgem Maria teve uma experiência totalmente singular e tornou-se «causa nostrae laetitiae». Os discípulos, por sua vez, receberam a chamada para estar com Jesus e ser enviados por Ele a evangelizar (cf. Mc 3, 14), e, feito isso, sentem-se repletos de alegria. Porque não entramos também nós nesta torrente de alegria?
4. «O grande risco do mundo actual, com a sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 2). Por isso, a humanidade tem grande necessidade de dessedentar-se na salvação trazida por Cristo. Os discípulos são aqueles que se deixam conquistar mais e mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão pelo Reino de Deus, para serem portadores da alegria do Evangelho. Todos os discípulos do Senhor são chamados a alimentar a alegria da evangelização. Os bispos, como primeiros responsáveis do anúncio, têm o dever de incentivar a unidade da Igreja local à volta do compromisso missionário, tendo em conta que a alegria de comunicar Jesus Cristo se exprime tanto na preocupação de O anunciar nos lugares mais remotos como na saída constante para as periferias de seu próprio território, onde há mais gente pobre à espera."

03 julho 2014

Fidelidade e Santidade

Pe. Zezinho SCJ
O salmista gritou por socorro, ao ver a epidemia de infidelidade que assolava Israel. Nos salmos 12,36,52 os israelitas cantavam em protesto contra os sem palavra e os que iam embora de Deus, traindo a Ele e ao seu povo. Não se podia mais confiar na palavra de ninguém, porque a maioria quase absoluta buscava o próprio bem estar. Israel vivia sob a égide do “salve-se quem puder”, ou do “leve vantagem você também”. Era o tempo dos espertos que topavam qualquer coisa para se ficar rico e ocupar postos de honra.
Das leituras dos profetas percebe-se que só Deus é fiel; o ser humano precisa aprender a ser fiel e sofre sempre a tentação de faltar à palavra dada quando, pesados os prós e os contras, levará vantagem ao ir embora de um compromisso.
A fidelidade era vista como virtude de um santo. Deus é fiel. Quem consegue ser fiel está mais perto do projeto de Deus. Quem ia embora da dificuldade e escolhia seu conforto e sua vantagem pessoal era mau visto.
Isso não dá, hoje, a nenhum cristão o direito de sair por aí denunciando quem lhe pareceu infiel. Houve santos que foram embora de alguma situação para buscar mais dificuldade, porque o serviço a Deus e aos pobres o exigia. Tereza de Calcutá mudou de grupo religioso, não por mais conforto, mas por busca de compromisso ainda maior. Como Tereza, muitos outros santos foram embora para levar mais cruzes.
Mas houve e há os que partem para levar vantagem numa outra igreja ou num outro jeito de crer. Os salmistas e os profetas eram duros contra quem adaptava a Palavra de Deus aos seus interesses. Paulo, particularmente alerta contra um tipo de pregador e de fiel que busca a filosofia sofista: ir em busca de quem o diz de maneira agradável e dizer de maneira agradável para levar vantagem sobre a Palavra. ( 2 Tm 4,1-5) Adaptar a Palavra aos nossos objetivos era e permanece magna  tentação para todo fiel e todo pregador que se pretenda crente.
Uma coisa é interpretar a Palavra de Deus para os nossos dias e outra, bem outra, é adaptá-la aos nossos interesses. Ligue o rádio e a televisão e esmiúce os testemunhos de conversão de uma para outra igreja, analise as promessas e garantias de sucesso, oferecidas pelos pregadores e as certezas gritadas ao microfone. Depois leia sua Bíblia e pergunte a si mesmo o que é crer em Deus. Buscar o mais fácil, o mais garantido e perseguir o sucesso político, religioso e financeiro pode ser tudo, menos fidelidade.
Deus é capacitador, mas não está escrito em nenhum lugar da Bíblia que ele é facilitador. Onde se promete uma vida sem dor e sem cruz é sinal de que, ali, o marketing da fé superou de longe o caminhar da fé.